Coexistir é gratificante, alegre, feliz, mas também é sofrido. Muitas
vezes me perguntei: Se todos têm um corpo semelhante, salvo as diferenças de
sexo, por que a compreensão, as reações, as emoções, as atitudes, as
interpretações são exclusivas em cada um?
Deve ser por isso que criaram leis de direitos e deveres, religiões com
seus dogmas, educação, cultura com toda sua gama de variedades, políticas
administrativas, propriedades privadas. Mas não resolvem meu problema de
coexistir. De que adiantam todas essas normas construídas se as
interpretamos pelo nosso sentido? Só são respeitadas aquelas de enunciados
diretos, que não sofrem a interferência da interpretação pessoal e que, em caso
de desobediência, geram castigos.
O que mais interfere e me faz sofrer hoje, em meu coexistir, é a
arrogância. O excesso de orgulho, de vaidade pessoal que levam um arrogante a
se considerar apto e com direito de julgar e condenar a todos, menos a ele
próprio, pois aos seus olhos, é perfeito, é digno. Sei que já fui uma
arrogante, mas não das mais aficionadas, que fique claro, e só deixei de ser ao
sentir tudo que a arrogância me fez perder. Derrotá-la tornou-se meu exercício
diário e passei a praticar a difícil arte da humildade, um dia consigo.
Outro ponto que dificulta minha coexistência é a falsidade. A mentira é
coisa que não aceito sob-hipótese alguma. Às vezes penso que fico tão indignada
com mentiras por não saber mentir, confesso que já tentei, mas me denunciei
facilmente. No exercício da aprendizagem de humildade, procuro aceitar as
pessoas como elas são e também entender os atos dos outros quando me atingem e
procurar em mim, o que fiz para despertar as atitudes ofensivas, porque hoje
entendo que ninguém me ofende porque sou boazinha. Já mentira que descubro, pra
ela não tenho um botão de controle para acionar a compreensão, não entendo
mentira e não desculpo. Mentiu, morreu na minha coexistência.
Amar em qualquer forma de amor, é a melhor forma de coexistir e também
um dos geradores de conflitos. É incrível como um sentimento tão prazeroso, tão
sublime, tão intenso, pode trazer tanto sofrimento.
Para mim, os causadores das dores de qualquer tipo de amor são a
arrogância com seu egoísmo inerente e a falsidade, por isso é que coloco sobre
eles minhas dificuldades na coexistência.
É, mas difícil, duro, doido ou não, preciso coexistir para não criar um
mundinho meu, solitário, vazio e triste...
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