quinta-feira, 23 de agosto de 2012

PAIXÃO E AMOR



Conheci uma história que igual, somente havia visto em ficções e resolvi contar à você.

Num encontro recente, na casa de uma tia que comemorava seu aniversário junto às amigas e familiares, conheci uma mulher e sua história. O primeiro contato com a mulher já foi interessante. Antes de ir cumprimentar minha tia, fui ao shopping comprar um presentinho pra ela, resolvi olhar as águas e cheiros perfumados de uma perfumaria, sou super indecisa para presentear, me preocupo em não deixar minhas preferências falarem mais alto que o perfil da pessoa que quero agradar. Estava escolhendo o cheiro ou que produto compraria, quando ouvi a vendedora dizer a uma mulher que uma certa água perfumada era do agrado de senhoras perto dos setenta anos, como minha tia. A mulher decidiu-se pela tal água e eu comentei que também procurava algo pra uma senhora de idade igual, ela gentilmente aconselhou-me a levar a mesma água. Enquanto aguardava a vendedora terminar de atendê-la, fiquei pesquisando as prateleiras e acabei optando por outros produtos, a verdade é que aquela tal água não me agradou nem um pouco e pensei: “Como ofertar uma coisa que não gosto? Assim também não!”.

Sacola de presente na mão abracei apertado essa tia que adoro e também minhas primas, cumprimentei as amigas dela presentes e desconhecidas para mim, uma a uma e cheguei na mulher que encontrei na loja. Rimos da coincidência e contei-lhe que meu presente foi diferente. Como não sei ficar em nenhuma reunião em grupos apartados de outros, procuro conversar com todos, pois conhecer pessoas para mim, é um grande aprendizado e também um prazer. Acabei chegando na mulher da loja, simpática, esfuziante, parecia de bem com a vida, uma mulher bonita em seus cinquenta e alguns anos. Disse isso a ela que após um tempo me confidenciou que agora estava mesmo voltando a ser alegre, pois há três anos ficara viúva e sentia saudades profundas do companheiro que teve, por trinta anos, e com quem fora muito feliz.

A surpresa despertou minha atenção, pois confesso a você que desconheço uma relação de mais de dez anos onde os companheiros ainda se amem com paixão. Vejo muitos casais com anos de convívio e sempre percebo que estão ainda juntos por acomodação, por hábito, ou pelos filhos, ou pela sociedade, ou pela situação financeira, demonstrando claramente, que se suportam, pois há muito a fantasia foi desmascarada pela realidade, apesar de que, quando idosos melhoram o relacionamento, já que um fica dependente do outro para preencherem as solidões.

Ela contou-me que não houve uma manhã dos dias que viveram juntos, que ele ao acordar não lhe dissesse:
_Você lembra-se que a amo? E ainda repetia durante o dia...

Todos os dias ela encontrava bilhetes apaixonados em algum lugar da casa, que ele deixava antes de sair para o trabalho. Quando ele viajava só, por compromissos, era ela quem colocava bilhetinhos de amor no meio das roupas da mala que ele levava.

Disse-me, com os olhos lacrimejando pelas lembranças afloradas, que ele foi sua paixão, seu amigo, seu amante, um pai extremoso e um companheiro sempre presente em todos os momentos que precisou de um ombro. E que após sua morte encontrou um bilhete dele, onde dizia que seu final estava próximo, consolando-a e dizendo que sabia que partiria para um lugar de felicidade, mas que para ele não seria novidade, pois conheceu o céu ao seu lado...

Hoje, ela disse, sente-se reconfortada, pois foi imensamente feliz, tem todas as lembranças para consolá-la e agora está aprendendo a viver com ela mesma e com as recordações.

Depois minha tia confirmou-me que os dois viveram mesmo apaixonados.

Passei a acreditar que existe Paixão Segundo o Amor, mas que são poucos que a encontram.




Um comentário:

  1. hum... estou vendo que tenho razão ...a união de paixão e amor colabora para uma explosão de sentimentos inesquecíveis!!! Que texto lindo!!!
    Quanta coisa para se aprender!
    Bjo com carinho
    Gabi (NaReal)

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