sexta-feira, 19 de outubro de 2012

M E U S Ó T Ã O




Já faz tempo que me determinei a enfrentar meu sótão onde guardo tudo que não está mais sendo usado.

Desde quando vi um filme em que havia uma casa com sótão e onde a família guardava coisas e coisas até de gerações anteriores a sua, que quis ter um sótão. Resolvi improvisar, por que sótão tem que estar lá em cima, abaixo do telhado, iluminado por claraboia? Isso é imagem da infância que ficou na minha mente... um espaço reservado, só meu, é o suficiente. E assim criei meu sótão e por anos fui guardando coisas nele.

Não sei quando e nem porque o sótão passou a me preocupar, estava lotado, e tanto que nem sabia mais o que havia por lá. Quando queria depositar mais algum treco, empurrava pela porta adentro. Não permitia a entrada de ninguém no meu sótão. Nem mãe, nem marido, nem filhos, nem amigos. Uma vez abri a porta para alguém que se interessou por alguns poucos guardados, leu um dos livros, ouviu um disco ainda de vinil, pesquisou umas roupas e partiu, não o encontrei mais.

Agora estou determinada a enfrentar e analisar todas as coisas armazenadas no meu sótão e já perdi a conta dos dias que estou dentro dele. Não, não desapareci dos olhos de ninguém, cumpro meus compromissos com minha presença física, porque a mental continua no sótão. Tem coisas que a um simples olhar concluo que suas permanências são desnecessárias, estão atrapalhando a ordem do meu sótão e percebo que não sei porque as guardei. Com outras me detenho por horas, até decidir se continuam guardadas ou serão descartadas, na verdade, quando surge essa dúvida quase sempre o destino da coisa é o saco de lixo.

E surgem os questionamentos:

Se já sei que irá para a lixeira, por que perco tempo com ela?
E se me arrepender depois? Se me fizer falta algum dia?

Levo horas para decidir...

Já perdi a conta dos dias em que estou enfrentando meus guardados. Com a ordem sendo aos poucos instalada, sinto-me tranquila. Já até esqueço o sótão quando não estou nele e aos poucos a entrada no sótão está se tornado prazerosa. Com o sofá vermelho e o tapete que encontrei pelo meio das coisas esquecidas, e também a luminária, criei um cantinho aconchegante, pois agora convidarei algumas pessoas especiais para conhecê-lo... Poucas.




Um comentário:

  1. las cosa que marcan la vida, y se guardan por si, kkk, no son las cosas las que determinan lo vivido, eso esta mucho mas profundo en la mente y sobre todo en el corazón, pero no podemos evitar guardar cosas, cuidado Hilda no sea que te atrapen las cosas, beijos linda. Espe

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