quarta-feira, 10 de julho de 2013

Passeando por aí...



Um dia fui passear com a determinação de ser eu, mostrar-me totalmente, sem máscaras e sem pudores, sem roteiros pré-determinados, solta e levada pelos passos por onde as pernas decidiam e a mente acompanhava.

Andei, encontrei pessoas, de algumas conquistei a simpatia, outras a antipatia, outras amizades e também inimizades, assim como amores e desamores. Ouvi confidências de algumas que me acrescentaram valores ou despertaram meus questionamentos.

Teve uma que convivi uma boa parte do trajeto e durante esse tempo contou que conheceu o amor de um homem, e não soube conservar. Ele demonstrava em atos e atitudes o que sentia e aos poucos a segurança dela sobre o amor dele a fez sentir-se mais que meritória. Poderosa mesmo, ele era dela e fim. Passou a demonstrar isso, como uma criança mimada que só sabe receber. E assim, perdeu seu amor.

Ninguém tem poder sobre o outro...

Um contou sobre seu casamento. Quando a conheceu e em todo período pré-matrimônio, ela foi a mulher que sempre imaginou como sua parceira para a vida. Ele não sabe se foi enganado ou cego, pois aos poucos a verdadeira apareceu aos seus olhos, principalmente após o filho nascer. As brigas eram diárias, nos primeiros anos a mãe dela ajudava e assim ela continuou sua carreira profissional e cada vez mais se afastava dele. A menina meiga e parceira se foi.

Ninguém se conhece inteiramente, quanto mais aos outros...

No passeio conheci um único casal, casal mesmo, cada um aceitando o outro, respeitando-se mutuamente e vivendo um amor de troca, aquele amor que mistura paixão e amizade.

É, existe o amor entre um homem e uma mulher que dura e perdura entre sobressaltos e renúncias. Poucos...

Continuava passeando quando vi uma mulher sentada no banco de uma praça. Tinha expressão triste, sentei-me ao seu lado, sorri para ela, ofereci balas que tinha em mãos, falei sobre mim, revelei meu nome e algumas particularidades, ela me observava impassível e eu insistia. Aí concluí que não deveria me ofender, pois estava tentando alegrá-la porque queria, ela não pediu ajuda nenhuma. Enquanto pensava isso, ela levantou-se e partiu sem sequer dizer alguma palavra.

Ingratidão fere e acaba com qualquer bom sentimento...

Entre muitas outras pessoas, encontrei um homem em quem enxerguei sinceridade e de alguma forma despertou minha confiança. Nem sei dizer o porquê, talvez intuição ou simples simpatia. Sei que ouvi dele um sábio conselho: Nas decisões que envolvem sua vida, jamais decida sozinho. Tenha ao lado alguém que o conheça a fundo, que a ame verdadeiramente e deseje o seu bem.

Saberei identificar esse alguém? Serei merecedora de um alguém assim?

Numa das andanças encontrei um escrito, talvez trazido pelo vento, que foi a resposta a essas perguntas:

“Estou contigo e te guardarei onde quer que vás, e te reconduzirei a esta terra. Nunca te abandonarei até cumprir o que te prometi”. (Gen 28, 15)




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