Um dia fui passear com a determinação de ser eu, mostrar-me
totalmente, sem máscaras e sem pudores, sem roteiros pré-determinados, solta e
levada pelos passos por onde as pernas decidiam e a mente acompanhava.
Andei, encontrei pessoas, de algumas conquistei a simpatia,
outras a antipatia, outras amizades e também inimizades, assim como amores e
desamores. Ouvi confidências de algumas que me acrescentaram valores ou despertaram meus questionamentos.
Teve uma que convivi uma boa parte do trajeto e durante esse
tempo contou que conheceu o amor de um homem, e não soube conservar. Ele
demonstrava em atos e atitudes o que sentia e aos poucos a segurança dela sobre
o amor dele a fez sentir-se mais que meritória. Poderosa mesmo, ele era dela e fim.
Passou a demonstrar isso, como uma criança mimada que só sabe receber. E assim,
perdeu seu amor.
Ninguém tem poder sobre o outro...
Um contou sobre seu casamento. Quando a conheceu e em todo
período pré-matrimônio, ela foi a mulher que sempre imaginou como sua parceira
para a vida. Ele não sabe se foi enganado ou cego, pois aos poucos a verdadeira
apareceu aos seus olhos, principalmente após o filho nascer. As brigas eram
diárias, nos primeiros anos a mãe dela ajudava e assim ela continuou sua
carreira profissional e cada vez mais se afastava dele. A menina meiga e
parceira se foi.
Ninguém se conhece inteiramente, quanto mais aos outros...
No passeio conheci um único casal, casal mesmo, cada um
aceitando o outro, respeitando-se mutuamente e vivendo um amor de troca, aquele
amor que mistura paixão e amizade.
É, existe o amor entre um homem e uma mulher que dura e perdura
entre sobressaltos e renúncias. Poucos...
Continuava passeando quando vi uma mulher sentada no banco de
uma praça. Tinha expressão triste, sentei-me ao seu lado, sorri para ela,
ofereci balas que tinha em mãos, falei sobre mim, revelei meu nome e algumas
particularidades, ela me observava impassível e eu insistia. Aí concluí que não
deveria me ofender, pois estava tentando alegrá-la porque queria, ela não pediu
ajuda nenhuma. Enquanto pensava isso, ela levantou-se e partiu sem sequer dizer
alguma palavra.
Ingratidão fere e acaba com qualquer bom sentimento...
Entre muitas outras pessoas, encontrei um homem em quem enxerguei
sinceridade e de alguma forma despertou minha confiança. Nem sei dizer o
porquê, talvez intuição ou simples simpatia. Sei que ouvi dele um sábio conselho:
Nas decisões que envolvem sua vida, jamais decida sozinho. Tenha ao lado alguém
que o conheça a fundo, que a ame verdadeiramente e deseje o seu bem.
Saberei identificar esse alguém? Serei
merecedora de um alguém assim?
Numa das andanças encontrei um escrito, talvez
trazido pelo vento, que foi a resposta a essas perguntas:
“Estou contigo e te guardarei onde quer que vás, e te reconduzirei a esta terra. Nunca te abandonarei até cumprir o que te prometi”. (Gen
28, 15)
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