“... todo dia é dia de ser feliz, pois para isso é
que estou aqui!” Assim terminei o texto que publiquei ontem e, como acontece
muitas vezes, o pensamento surge e eu o transcrevo e depois é que investigo se
é a realidade que sinto. Às vezes retiro o intruso, mas na maioria delas
permanece e até ajeito o contexto para que se encaixe.
E
meditando sobre essa última conclusão espontânea, percebo que até aqui tive
assim, uns oitenta por cento de felicidade. Os vinte por cento não felizes foram
decisões erradas que tomei, por imaturidade, ou pressa, ou medo, ou ignorância mesmo,
ou ainda por julgamentos errados e suas consequências, causados por trajetos
ilusórios que se mostraram difíceis, causando tropeções, tombos e ferimentos.
Sim,
igual como penso que muitos ou até todos fazem em algum momento de suas vidas,
prefiro os caminhos que se iniciam com flores, aromas e os sons da natureza. E
por eles, e como em todos, aos poucos se encontram pedras impedindo ou
dificultando o prosseguir. Aí é que avaliei os vinte por cento infelizes e os
restantes felizes.
Muitas
pedras simplesmente contornei e esqueci, outras afastei e entre uma e outra
aproveitei a paisagem, senti o perfume das flores e ouvi o canto dos pássaros
até o deparar com outra. Houve as que não consegui remover e essas, com muito
esforço as escalei e voltei ao percurso aprazível, que está sempre disponível
depois de vencidas as pedras. A maioria das pedras do meu caminho encarei com
simples pedregulhos, que empurrei com os pés e aconteceu que muitas vezes errei
na avaliação e me magoei e contabilizei na porcentagem infeliz.
Ainda,
pelos caminhos surgem animais ferozes saindo de sobressalto da vegetação. Se
perceber minha inferioridade fujo se não, enfrento e até lhes causo ferimentos
e nessas ocasiões sinto que a fera não era feroz, eu que fui. Retorno nos meus
passos e procuro ajudá-la nos ferimentos que lhe causei e se ela opuser-se à
minha atenção, não a coloco entre os infelizes, pois me aprendi com a fera
ferida.
Infelizes
mesmo foram os caminhos sem volta e sem saída, eles são os noventa por cento
dos vinte por cento infelizes.
Apesar
de saber que pedras sempre as encontrarei e enfrentarei, também tenho
consciência de que Aquele que me criou, quer que eu seja feliz.
“Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver. Apesar de todos
os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser
vítima dos problemas e tornar-se autor da própria história...” (Fernando
Pessoa)
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