segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Existo para ser feliz...




“... todo dia é dia de ser feliz, pois para isso é que estou aqui!” Assim terminei o texto que publiquei ontem e, como acontece muitas vezes, o pensamento surge e eu o transcrevo e depois é que investigo se é a realidade que sinto. Às vezes retiro o intruso, mas na maioria delas permanece e até ajeito o contexto para que se encaixe.

E meditando sobre essa última conclusão espontânea, percebo que até aqui tive assim, uns oitenta por cento de felicidade. Os vinte por cento não felizes foram decisões erradas que tomei, por imaturidade, ou pressa, ou medo, ou ignorância mesmo, ou ainda por julgamentos errados e suas consequências, causados por trajetos ilusórios que se mostraram difíceis, causando tropeções, tombos e ferimentos.

Sim, igual como penso que muitos ou até todos fazem em algum momento de suas vidas, prefiro os caminhos que se iniciam com flores, aromas e os sons da natureza. E por eles, e como em todos, aos poucos se encontram pedras impedindo ou dificultando o prosseguir. Aí é que avaliei os vinte por cento infelizes e os restantes felizes.

Muitas pedras simplesmente contornei e esqueci, outras afastei e entre uma e outra aproveitei a paisagem, senti o perfume das flores e ouvi o canto dos pássaros até o deparar com outra. Houve as que não consegui remover e essas, com muito esforço as escalei e voltei ao percurso aprazível, que está sempre disponível depois de vencidas as pedras. A maioria das pedras do meu caminho encarei com simples pedregulhos, que empurrei com os pés e aconteceu que muitas vezes errei na avaliação e me magoei e contabilizei na porcentagem infeliz.

Ainda, pelos caminhos surgem animais ferozes saindo de sobressalto da vegetação. Se perceber minha inferioridade fujo se não, enfrento e até lhes causo ferimentos e nessas ocasiões sinto que a fera não era feroz, eu que fui. Retorno nos meus passos e procuro ajudá-la nos ferimentos que lhe causei e se ela opuser-se à minha atenção, não a coloco entre os infelizes, pois me aprendi com a fera ferida.

Infelizes mesmo foram os caminhos sem volta e sem saída, eles são os noventa por cento dos vinte por cento infelizes.

Apesar de saber que pedras sempre as encontrarei e enfrentarei, também tenho consciência de que Aquele que me criou, quer que eu seja feliz.



“Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver. Apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e tornar-se autor da própria história...” (Fernando Pessoa)



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