segunda-feira, 18 de junho de 2012

Entrevista


Google
Dia desses resolvi: vou mudar de profissão. Quero desafios novos, melhor salário, sem horário pré-determinado, somente prazos para entrega das tarefas.

Enviei tantos currículos pelo correio que até penso merecer algum bônus de participação nos lucros do ECT, e fiquei esperando respostas. Sim, aconteceram, mas de empresas de consultoria em recursos humanos oferecendo seus serviços pagos, evidente, para encontrar o emprego dos meus sonhos.

Um dia alguém de uma dessas consultorias ligou me oferecendo o emprego desejado. Marcou entrevista para o dia seguinte. Inventei compromissos mil para adiar a entrevista para um dia após o que ela determinara. Ela foi firme, amanhã ou nada. O jeito foi cuidar, as pressas dos cabelos, das unhas e determinar a melhor roupa pra ir à entrevista. Queria causar boa impressão à primeira vista!

Consegui chegar pontualmente para a entrevista, nem um minuto a mais, nem um a menos. O entrevistador não revelou qual empresa oferecia o emprego, só falou das exigências e, entre elas, ser criativo, vibrei com isso, pois o que mais sei é inventar, outro item era saber sair de rotinas, hunn... pensei, boa, odeio rotinas mesmo! A seguir comunicou-me que minha avaliação começaria agora. Levou-me para uma sala cujas paredes eram cobertas por estantes com livros. Do chão ao teto e os livros selecionados por assuntos.

Dirigiu-me até uma mesa no meio da sala, gentilmente puxou a cadeira pra que me sentasse. A seguir pegou umas folhas de uma gaveta da mesa e me entregou. Explicou que as primeiras eram formulários que deveria preencher em letras de forma e sem rasuras. Nas demais teria que desenvolver um tema sobre mapas antigos da América do Sul e outro sobre como e quando o calendário atual foi criado. Disse-me que poderia consultar qualquer livro das estantes, mostrou-me uma campainha caso  precisasse de algo mais e desejou-me boa sorte.

A primeira dificuldade foi preencher os formulários. Errei o primeiro formulário, o segundo e o terceiro, toquei a campainha e pedi outros. Não seria mais fácil fazer isso num computador? Desconfiei que estava sem prática de escrever com caneta, teve momentos que ao errar pensei: vou deletar! Finalmente consegui.

A seguir dirigi-me à estante onde estavam localizados os livros sobre História das Américas. Olhei o índice de um, encontrei uma nota sobre o primeiro mapa da América do Norte. No segundo o índice não mostrava nenhum indício de mapas antigos, estava no décimo quando pensei, preciso do Google, só ele pra resolver. Depois de pesquisar uns trinta livros, peguei uns cinco que continham algumas informações e fui pra mesa. Caneta na mão e papel em branco me desafiando e não sabia por onde começar! No Word é tão fácil, escrevo como respiro, naturalmente, por que no papel está difícil? Consegui encontrar um início, mas juro que não reconheci minha letra! Ela não era assim! Rabisquei os erros, ai que falta o “delete” faz, pensei. Terminei cheio de rabiscos, mas era um texto!

Com o outro tema a dificuldade foi a mesma e faltando um minuto pro tempo estipulado terminar, acabei o outro texto também todo rabiscado e com letra trêmula, talvez pela dor no pulso que estava sentindo.

No dia seguinte liguei para saber do resultado e me informaram, não fui aceita!

Droga, se tivessem me disponibilizado um computador e Internet, eles veriam do que sou capaz, me consolei ...

Um comentário:

  1. Hilda acho que é disso mesmo que eu estou precisando. Sair um pouco da net e mergulhar nos meus livros.
    Sueli

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