Dora e Silva, os pais de Rute, vão
jantar com a filha. Dora ligou na véspera, pois sabe bem que sua filha não quer
que a visite sem avisar e ainda pediu para ver a neta Lori. Rute aconselhou-a que chegassem entre dezoito
e vinte horas para encontrar a neta acordada.
Quando Dora chegou, Lori tomava
banho. O pai de Rute a abraçou afetuosamente, chamando-a de “minha menina”,
enquanto a mãe esperava ao lado para cumprimentar a filha.
Rute conversa com o pai, na sala de
jantar:
_ Mandei a Cida preparar aquele
assado que você gosta e também a torta e o risoto e, adivinhe a sobremesa? Ou
melhor, farei surpresa!
_ Muito bom filha, porque a
cozinheira que tua mãe contratou acho que só é melhor que ela, na cozinha. E
quem não sabe, não ensina, não é mesmo?
_ Sabe pai, não sei como você viveu
até hoje com Dora.
_ Fácil filha, sempre a amei.
_ E ela, te ama ou amou?
_ Sim, ela me ama.
_ Como uma mulher que nunca se preocupou
com seu bem estar, te relegou a segundo plano, atrás de sua profissão, de seus
interesses, como também fez comigo, pode te amar, Pai?
_ Ah Rute... nós nos comunicamos pelo
olhar, nem são preciso palavras, muitas vezes basta a presença, sempre fomos
assim e nunca me senti preterido por ela, são para mim seus sorrisos ternos, é
em mim que se recolhe quando a vida a magoa e eu nela, nossos momentos juntos valem
por horas.
_ Pai, se a organização da minha casa
fosse como sempre foi a sua, tenho certeza que Marcos já teria me deixado há
tempos.
Dora e Lori interrompem a conversa.
Lori pede ao avô que jogue xadrez com ela.
_ Rute, você deixou a Lori fazer essas
mexas vermelhas no cabelo?
_ Sim Dora, até a levei à
cabeleireira, sabe como é menina, uma das amiguinhas fez, ela também quis! Por
que pergunta?
_ Bem Rute, sabe que nunca dei
palpites em suas escolhas, mas penso que está deixando Lori perder a infância.
Mas esquece esse assunto, sei que fazemos o que avaliamos ser o melhor para os
filhos, não é?
É Dora, Rute pensa, aprendi com você a ser boa mãe, aprendi a não ser
como você foi comigo...
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