Sempre me fascinaram, desde que me lembro
gente. Primeiro acreditei no coelhinho trazendo ovos, mas não entendia bem como
um coelho conseguia carregar sozinho, os meus e os das minhas irmãs até minha
casa, depois escondê-los pelos cantos mais impossíveis, alguns que eu nunca
havia percebido a existência. Ele encontrava, ou criava cantos?
E como ele, o coelhinho, produzia papeis tão lindos
e coloridos para embalar os ovos? E os bombons escondidos no ovo? Sempre foram
mistérios para mim, aliás, tudo na Páscoa era mistério.
Na Semana Santa, acompanhava meus pais em
todas as cerimônias que a Igreja do bairro realizava durante essa semana. Não
entendia nada por muito tempo, mas minha mãe dizia que se não ficasse quieta, o
coelhinho não traria os ovos. O sono incomodava e a necessidade de ficar calada
também. Gostava de perguntar, entender, opinar, mas sempre me mandavam ir
brincar e na igreja e em outros lugares públicos, calar!
Minha doce mãezinha castigava meus braços com apertões
disfarçados, só porque eu queria saber, por exemplo, o que era ser crucificado,
e depois, quem iria ser crucificado, ela respondia: Jesus, eu perguntava: mas
Ele não é bonzinho? Ela respondia: Sim, é Bom. Eu: Então porque vai morrer?
Ela: Os homens ruins vão matá-lo. Eu: Mas Ele não vê sempre a gente
como a senhora diz? Ela: Sim, fica quieta... Eu: A mamãe diz que Ele vê a
gente, então quando os homens ruins matarem Ele, Ele não me vê mais? Leve apertão... Quando
a dor passava, eu para ela: O coelhinho é Dele? Ela: É quieta! Eu: Mãe, porque
Ele não bate nos homens ruins e põe eles de castigo? Apertão caprichado e choro
e fui levada para fora da igreja puxada pela mão.
Até os quatro anos, o coelhinho continuou
sendo mistério e as cerimônias cristãs uma necessidade para ganhar os ovos.
Depois o esqueci, e não despertava mais minha curiosidade de como o coelhinho
criava os ovos e o papel com que os embalava, e como trazia para minha casa, e
como minha mãe sabia quais ovos eram os meus, e como quando eu encontrava mais
ovos do que minhas irmãs, ela dizia quais eram os meus. Os ovos passaram a ser
a atração principal, seu colorido e o que havia dentro deles. Abria todos. O
chocolate mesmo, não era objetivo inicial, queria ver e sentir primeiro, os
bombons. E mordia todos em sequencia, embrulhava de novo e colocava no ovo
aberto. Pronto, a Páscoa para mim acabava nesse momento.
Adulta, compreendi a Páscoa:
“É Páscoa: tempo de esperança e ação.
Tempo para começar uma vida nova,
na certeza de que, nas mãos de Deus,
até a morte pode transformar-se em vida.”
Tempo para começar uma vida nova,
na certeza de que, nas mãos de Deus,
até a morte pode transformar-se em vida.”
(Autor Desconhecido)
E os ovos de chocolate continuam fascinando...
Em primeiro lugar gostaria de dizer que passei por aqui porque a saudade era grande.
ResponderExcluirSegundo para dizer que ainda continuo me encantando com o que escreve.
Terceiro para dizer que o último parágrafo, cujo autor é desconhecido é a pura verdade.
E por último, mas não menos importante, para dizer que continuo sua fã.
Beijos daquela que está sempre "Vigiando"
Resposta para aprimeira e segunda linhas: Passe sempre que continuarei escrevendo e é bom saber que tem quem goste. Sobre o parágrafo do autor desconhecido concordo com você. Muito bom saber que tenho uma fã...
ExcluirEncontrei algumas poucas pessoas aqui na Net com as quais me identifiquei, que são amigos, alguns nos desencontramos nesse espaço virtual, mas no coração permanecem. Então quero dizer que preciso saber quem é você. Será que o "sempre Vigiando" pode ser "sempre Viajando"? E olha aqui, curiosidade dizem que mata, hein?
Charada: Quem é que vigia?
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