Numa festa imaginária encontrei Clarice Lispector e no devaneio até apareço na foto, sou a que está de costas e ela encaixou-se no lugar da minha filha. Peço à querida filha que não sinta-se preterida, é só um devaneio.
Sonho com veracidade! Aconteceu
esse diálogo:
Clarice inicia:
_ Quer saber o que eu penso?
Você aguentaria conhecer minha verdade?
_ Mas vai contar o que pensa hoje, ou o que pensou ontem e será
que pensará igual amanha? Como aguento reconhecer as minhas que vivem se
transmudando, a sua não me causará nenhuma estranheza. Conte!
_ Pois tome. Prove. Sinta.
Eu tenho preguiça de quem não comete erros. Tenho profundo sono de quem prefere
o morno. Eu gosto do risco. Dos que arriscam.
_ Beleza Clarice. Sou uma errada consciente, como conviver com
perfeição?
Nada mais excitante do que ousar. Se errar sofro, aprendo e me
sinto viva. O tempo se incumbe de resolver e devolver a alegria que criará novo
ousar.
_ Tenho admiração nata por quem segue o coração. Eu acredito nas pessoas
livres. Liberdade de ser. Coragem boa de se mostrar. Dar a cara a tapa! Ser
louca, estranha, chata! Eu sou assim.
_ Sigo a intuição que minha sensibilidade desperta e me jogo de
cabeça. Algumas vezes sou aplaudida em outras sou escorraçada. Sinceridade
mesmo se amigável, para uns pode ser ofensa. O fundamental é tentar sabendo que,
o erro ou o acerto são os presumíveis resultados. Sou mente perturbada que se
perde em pensamentos loucos, ou em contemplação, ou em imaginação, não me
considero louca talvez, estranha...
_ Tenho um milhão de
defeitos. Sou volúvel. E adoro ficar sozinha.
_ Quem não se reciclar e modificar, mudar de opinião e de querer,
ser mesmo volúvel, não tem vida, simplesmente vive dias iguais. Só não sou
volúvel comigo que sempre serei minha melhor companhia e a aprecio nos momentos
solitários.
_ Mas eu vivo para sentir. Por
isso, eu te peço. Me provoque. Me beije a boca. Me desafie. Me tire do sério. Me tire do
tédio. Vire meu mundo do avesso! Mas, pelo amor de Deus, me faça sentir… Este é
o meu alimento!
_ Sentir, sentir na pele, sentir no
âmago, sentir no coração, qualquer sentir para saber que estou viva. Sentir do
amor até a dor, da alegria até a tristeza, da amizade até a saudade, da luta
pela vitória até a aceitação da derrota, da crença até a desilusão... É assim,
não é Clarice?
O texto de Clarice Lispector
Quer
saber o que eu penso? Você aguentaria conhecer minha verdade? Pois tome. Prove.
Sinta. Eu tenho preguiça de quem não comete erros. Tenho profundo sono de quem
prefere o morno. Eu gosto do risco. Dos que arriscam. Tenho admiração nata por
quem segue o coração. Eu acredito nas pessoas livres. Liberdade de ser. Coragem
boa de se mostrar. Dar a cara a tapa! Ser louca, estranha, chata! Eu sou assim.
Tenho um milhão de defeitos. Sou volúvel. Sou viciada em gente. E adoro ficar sozinha. Mas eu vivo para sentir. Por isso, eu te peço. Me provoque. Me beije a boca. Me desafie. Me tire do sério. Me tire do tédio. Vire meu mundo do avesso! Mas, pelo amor de Deus, me faça sentir... Um beliscãozinho que for, me dê. Eu quero rir até a barriga doer. Chorar e ficar com cara de sapo. Este é o meu alimento!
Tenho um milhão de defeitos. Sou volúvel. Sou viciada em gente. E adoro ficar sozinha. Mas eu vivo para sentir. Por isso, eu te peço. Me provoque. Me beije a boca. Me desafie. Me tire do sério. Me tire do tédio. Vire meu mundo do avesso! Mas, pelo amor de Deus, me faça sentir... Um beliscãozinho que for, me dê. Eu quero rir até a barriga doer. Chorar e ficar com cara de sapo. Este é o meu alimento!
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