quinta-feira, 19 de junho de 2014

Coisa do Cotidiano



Pontual? Sou sim ...

Pontual e em cima da hora, nem um segundo a mais, nem um a menos, ofegante mas, cronometricamente pontual. A duras penas, confesso! Quer dizer, isso em casos de compromissos, de trabalho ou de negócios ou então, sessão de teatro, ou cinema, ou show, ou embarques de avião, de ônibus ou de navio com passagens compradas com antecedência.

Muitos me dizem que querem que eu vá buscar a morte deles, sei lá porque essa vontade, mas se querem vou. Sei que irei chorando muito, mas com minha imagem nas melhores condições possíveis! Pois é, apesar dessas considerações contrárias, me vejo uma mulher pontual.

Sou sim, e ninguém tem nada a ver com o fato que meu anjo da guarda deve estar todo cheio de pinos de platina pelo corpo e asas, de tanto me salvar das corridas desenfreadas, com o carro pelas ruas, para chegar ao limite zero de horários determinados. Pensam que é fácil sair de casa sentindo-se bem, confortável, preparada para o que der e vier?

Uso o tempo mínimo necessário que toda mulher precisa para se sentir bem ao sair de casa. Tomo banho rápido, depois do creme pelo corpo, visto o roupão e vou decidir a roupa. Antes observo o tempo e calculo as horas que ficarei com ela, analiso se poderá haver mudança de temperatura durante essas horas e que tipo de roupa a situação pede. Depois dessa difícil decisão, vou cuidar da imagem facial. Ela é muito importante, ninguém fala com outro sem olhar no rosto, principalmente nos olhos. Enfrento o espelho e noto olheiras aparecendo: corretivo nelas. Ao retocar as sobrancelhas vejo uns pelinhos que não deveriam estar lá, e todo o dia tem algum intrometido. Uma pinça e rapidamente acabo com eles. Hunn... Nariz com brilho? Isso não, um bom pó aplicado com um pincel macio, resolve. Os olhos tem que mostrar vivacidade e uma sombra leve imperceptível aos olhos leigos, e rímel nos cílios é a solução. Agora é só pentear o cabelo, brigar com alguma mecha que dormiu de mau jeito ou então, no caso de estarem molhados, escova e secador neles.

A seguir é só vestir a roupa escolhida e encontrar os acessórios e bijuterias adequadas. É difícil decidir, mas consigo.

A boca também é bem focada, precisa estar com seu contorno destacado e, se necessário, melhorado, pra isso um lápis de contorno labial, na cor do batom. Já o batom exige algum estudo... Qual cor combina com a roupa que vesti? Decido rápido, acho o lápis adequado, faço o contorno e preencho com o batom.

Falta escolher o par de sapatos e para isso tenho que pensar... Vou ficar muito em pé ou vou caminhar muito? Preciso decidir o que combina e o que será confortável. Experimento um, outro e outro e resolvo por um par.

Sim... Não esqueço o perfume! Como sair não perfumada?

Só falta a bolsa e que combine com tudo!

Ela decidida, tenho que abastecê-la com as necessidades: batom que usei, óculos, lenços de papel, pente, escova de dente, absorvente, estojo de pó pro caso do nariz brilhar de novo, celular, um pequeno bloco para anotações que surgirem, celular que não pode ser esquecido no caso daquela resposta que espero chegue, aquele amuleto que não largo, lenços umedecidos e desodorantes se o banho vencer, um pequeno vaporizador com perfume, carteira com documentos e algumas poucas notas de dez reais e o cartão de crédito, quase sem crédito. Totalmente pronta e sensação de dever cumprido comigo mesma.

Tiro o carro da garagem, coloco o cinto de segurança e lembro (não tem uma vez que consigo ir embora na primeira saída) esqueci os documentos do carro.

Olho o relógio: estou mais que atrasada.

E penso, porque não nasci homem? Só banho e barba uma vez ao dia. Roupa sempre igual, camisa e calça e às vezes um terno e gravata e uma pasta de trabalho. E ainda reclamam que demoramos a nos aprontar para sair!


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