quarta-feira, 4 de junho de 2014

Paciência é preciso...



Pois é, prometi ao Pai em oração, que iria exercitar minha paciência naqueles momentos em que parece que até o ar falta, a luz apaga, o sangue borbulha e o coração dispara... Fúria mesmo. Aprendi a respirar fundo algumas vezes e sublimar o pensamento e cerrar os dentes para não retrucar de modo agressivo. Andava feliz, estava conseguindo e a cada vitória me parabenizava e me dizia, “Bravo Hilda, você vai se tornar igual a uma monja tibetana!”.

Com a pretensão de criar em mim a virtude da paciência, avaliei que além dos muitos episódios cotidianos onde se faz necessária a paciência, tem as segundas-feiras da Maria, excelente faxineira, com uma vontade e capacidade de trabalhar que não conheço em ninguém. Ela testa minha paciência antes das oito horas quando chega, e o andamento da casa e da família tem que ser como ela quer. Lembro-me de uma tarde em que estava com uma gripe fortíssima, havia entrado às sete horas e meia numa sala de aula com quarenta adolescentes querendo, ou fingindo querer, ou mesmo evidenciado total desinteresse de entender trigonometria. Aliás, esse é outro ponto que é preciso paciência, muita paciência. Ainda me fiz presente e ensinei outros itens de álgebra em mais quatro salas. Claro que sobre efeito de analgésico. Depois de almoçar, já em casa e sabendo que ainda teria outra jornada de aulas à noite, tomei outro comprimido salvador que também me causa sono, e me tranquei no meu quarto para uma cochilada reparadora. Quando já meio recuperada sai do quarto levei a maior bronca dela, que alegou que atrapalhei seu trabalho. A paciência ou talvez o mal-estar, fecharam minha boca, ignorei-a e só. Talvez o maior exercício para adquirir paciência seja responder e manter uma conversa com ela. Sua voz é grossa e não pronuncia as palavras de forma inteligível, tanto que às vezes tenho a sensação que ela se comunica por algum dialeto que desconheço. Para entendê-la preciso que repita umas três vezes e tenho que me dedicar unicamente a ouvi-la, sem chance de realizar qualquer outra coisa.

E pelas segundas-feiras continuei vitoriosa, com pequenos deslizes explicáveis em uma descendente de italianos sendo os maternos de calabreses briguentos, e ainda ser nascida no signo de escorpião.

Até a última segunda-feira!

Estou escrevendo nessa segunda-feira que falei. Pois bem, todos que me conhecem sabem que desperto muda por um bom tempo, até à Maria já expliquei isso. Em vão! Desejei um bom dia a ela e pretendia preparar o café que me desperta totalmente.

Antes de continuar o relato da minha sina da última segunda-feira, é necessário esclarecer que em janeiro ela pediu-me que pagasse seu recolhimento ao INSS pelo meu banco online e descontasse do seu pagamento. Paguei, anotei no carnê o número do documento e a data. 

Dois meses depois ela me diz que o pagamento de janeiro não havia sido efetuado. Com paciência abri no banco online o extrato da data da transação e mostrei a ela o débito na minha conta, só que ela é analfabeta, mas me pareceu que entendeu. Hoje, sequer respondeu ao meu desejo de bom dia e em seu dialeto ainda mais confuso, talvez pela indignação fantasiosa que estava sentindo, consegui entender que novamente me acusava de não ter pagado seu INSS...

Agora tenho que pedir perdão ao Pai por ter descumprido totalmente, o propósito que fiz! 


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Revele que esteve aqui!