Não, não pensem ao ler o título que sou uma mulher irritadiça. Sou bem
controlada, aprendi isso, mas tem coisas que meu autocontrole se abstrai, foge
mesmo!
Simplesmente bobeiras disparam minha irritação.
Tipo: Frases feitas... tem coisa mais irritante?
Essa então é o fim:
“Ah... No meu tempo...”
Quando ouço essa fico pensando: estou conversando com um falecido! Se o
tempo dele já era, está no passado! Ele está no além!
Meu tempo é agora, estou no meu tempo! Quando estiver fantasma, e
prometo que serei uma fantasminha camarada, usarei essa frase.
Outra irritante:
“Vai dar tudo certo!”
Essa é para irritar até um monge tibetano! Sempre é usada como consolo para
alguém que está numa situação limite com noventa e nove por cento de
probabilidade de tudo dar errado.
Além das frases feitas, existem palavras que também tiram do prumo meu
autocontrole:
“Mistura” é uma delas.
É uma delas quando se refere à refeição. Ouço pelos supermercados onde
donas de casa, cozinheiras ou simples acompanhantes delas, dizerem:
“Vou levar isso pra mistura do almoço de hoje”, ou alguém perguntar: “O
que tem de mistura hoje?”
Empregada na minha casa que ouse me perguntar: Dona Hilda, o que faço de
mistura? Está demitida no ato, é o primeiro aviso que dou a elas na entrevista
inicial.
Para mim, hora de refeição é um dos prazeres da vida. Sentar à mesa, com
companhia ou não, em casa ou num restaurante, analisar as cores dos alimentos,
saborear o que está no prato, com calma, sentindo todo paladar, porque qualquer
que seja o que estiver no prato, se é comestível, tem gosto e tem cor.
“Mistura” para mim é comida de porcos, sei bem que a dos porcos chamam de
“lavagem” aliás, bem mais higiênica e sugestiva que “mistura”. Imagine se sou
mulher de comer mistura! Isso é ofensa!
Outra é: “Senhora”
Só me refiro a uma mulher por senhora, se ela tiver quarenta ou mais
anos a mais que eu, porque sei que nessa faixa etária foi acostumada com esse
tratamento. Até quarenta anos atrás, toda .mulher casada, mesmo que fosse
ainda “dimenor (outra expressão de dar arrepios)”, era tratada por senhora.
Também se estiver investida em algum cargo cuja hierarquia pede esse
tratamento.
Quando ouço um “senhora” endereçado para mim, tenho ímpetos de me fazer
de surda e sair ignorando o ser falante. Faz com que eu me sinta uma peça de
museu. O pior é quando olho para o ser que ousou me nomear “senhora” e vejo
alguém que tem ou parecer ter, mais dias vividos do que eu, mais peso do que
eu, com mais sinais do tempo do que eu, aí é que me ofendo mesmo! Se o ser tem tudo
menos que eu, assim: mais jovem, mais esbelto, aí sinto criar uma barreira
intransponível entre eu e ele.
Concluindo: irrita-me profundamente ser tratada por “senhora”!
Finalmente as expressões:
“Eu também” quando você confessa algum pensamento sobre algo... Poxa,
por que não me deixam pensar que sou única, que sou criativa, sou quase uma
filósofa?
Outra que causa quase uma pane no meu sistema controlador é quando,
alguém com poucos anos menos que eu, palpita quando relato alguma coisa que
fiz, com: “Minha mãe também faz assim!” mordo os lábios para trancar minha boca
e não responder:
Mira-te minha cara, lá tenho idade para ser ou parecer com tua mãe!
Não é nada disso viu, você que está lendo?
Assumo a idade que tenho sim, e nem pense ao contrário, é que burrice e mesmice me deixam igualzinha à mulher da foto lá em cima!
Assumo a idade que tenho sim, e nem pense ao contrário, é que burrice e mesmice me deixam igualzinha à mulher da foto lá em cima!
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