segunda-feira, 6 de abril de 2015

Isso é meu, isto é teu... Tudo é nosso!



_É o fim mesmo!

_Concordo, acabou!

Juntos há quinze anos e desses, doze foram de companheirismo, amor, parceria. De repente, nem eles mesmo sabem quando e porque, os desentendimentos foram acontecendo.

A verdade é que as brigas se iniciaram conforme ela foi subindo profissionalmente. Sem perceberem a relação também se modificava e não subia e sim, descia. Foi aos poucos.

Antes, quando resolviam se iriam a um restaurante, ou realizar uma viagem e qual a duração dela, em quais hotéis se hospedariam, as decisões finais eram sempre dele. Conforme ela alcançava sucessos e promoções sua situação financeira também crescia. Sem ela mesma notar, passou a questionar a decisão final dele em tudo que fizessem em conjunto, pois partilhava da despesa que era gerada.

É difícil para a maioria das pessoas aceitarem facilmente, perder o domínio de uma situação principalmente, para alguém que antes era submisso a elas. Foi isso que ele sentiu e a causa das discussões entre eles.

Depois da decisão que o casamento havia terminado, procuraram os advogados que os representariam no processo num divórcio consensual.

Decidir o fim da relação foi fácil, mas decidir a partilha dos bens não foi. Começaram com o cachorro, os dois o amavam, depois a cada objeto adquirido em viagens os levava às recordações do dia e das aventuras que viveram. Os bens eram os que mais geravam lembranças, alguns os lembraram das renúncias que fizeram para tê-los.  O apartamento decidiram vender, mas os dois queriam adquirir a parte do outro.

Cada um anotando os pertences que queriam e quando confrontaram suas listas, coincidiam em quase a totalidade. Ele deixava fora as panelas, o fogão, geladeiras e todos outros eletrodomésticos e pertences da cozinha. Ela, assim como ele, queria todos os eletrônicos e alguns objetos de decoração e o tapete persa. Os mobiliários combinaram dividir.

Quando os advogados chegaram com os papéis para eles assinarem, os encontram em amores, como namorados.

Como dividir lembranças, emoções?

Duas histórias, a dela e a dele, e os dois estavam em ambas histórias e perceberam que era uma só, construída a dois... E decidiram:


Não dá!


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