_É o fim mesmo!
_Concordo, acabou!
Juntos há quinze anos e desses, doze foram de companheirismo,
amor, parceria. De repente, nem eles mesmo sabem quando e porque, os
desentendimentos foram acontecendo.
A verdade é que as brigas se iniciaram conforme ela foi subindo
profissionalmente. Sem perceberem a relação também se modificava e não subia e
sim, descia. Foi aos poucos.
Antes, quando resolviam se iriam a um restaurante, ou realizar
uma viagem e qual a duração dela, em quais hotéis se hospedariam, as decisões
finais eram sempre dele. Conforme ela alcançava sucessos e promoções sua
situação financeira também crescia. Sem ela mesma notar, passou a questionar a
decisão final dele em tudo que fizessem em conjunto, pois partilhava da despesa
que era gerada.
É difícil para a maioria das pessoas aceitarem facilmente,
perder o domínio de uma situação principalmente, para alguém que antes era
submisso a elas. Foi isso que ele sentiu e a causa das discussões entre eles.
Depois da decisão que o casamento havia terminado, procuraram os
advogados que os representariam no processo num divórcio consensual.
Decidir o fim da relação foi fácil, mas decidir a partilha dos
bens não foi. Começaram com o cachorro, os dois o amavam, depois a cada objeto
adquirido em viagens os levava às recordações do dia e das aventuras que
viveram. Os bens eram os que mais geravam lembranças, alguns os lembraram das
renúncias que fizeram para tê-los. O apartamento decidiram vender, mas os
dois queriam adquirir a parte do outro.
Cada um anotando os pertences que queriam e quando confrontaram
suas listas, coincidiam em quase a totalidade. Ele deixava fora as panelas, o
fogão, geladeiras e todos outros eletrodomésticos e pertences da cozinha. Ela,
assim como ele, queria todos os eletrônicos e alguns objetos de decoração e o
tapete persa. Os mobiliários combinaram dividir.
Quando os advogados chegaram com os papéis para eles assinarem,
os encontram em amores, como namorados.
Como dividir lembranças, emoções?
Duas histórias, a dela e a dele, e os dois estavam em ambas
histórias e perceberam que era uma só, construída a dois... E decidiram:
Não dá!
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