domingo, 19 de abril de 2015

Mãos de homem




Mãos de homem como gosto, grande, dedos longos e finos, unhas quadradas. Mãos é uma parte do físico masculino que chama minha atenção. E as que vejo à minha frente são assim, do tipo das que me atraem. Homens com essas mãos são firmes, decididos, fortes, maneirosos, tem facilidades no manejo de peças delicadas, sabem acariciar com elas, suavemente, são românticos, calmos e inteligentes. Também são bons esportistas e bons musicistas.

Agradeço intimamente por ter essas mãos ao alcance do meu olhar. Posso ficar aqui as admirando, distraindo meus pensamentos e imaginando o que elas são capazes de fazer. As unhas estão corretamente aparadas, a pele é morena, sim porque esse tipo de mão tem que ter pele morena e poucos pelos no dorso para ficarem mais atraentes. Que lindeza de mãos, me percebo pensando. Como será o dono delas? O imagino alto, físico proporcionado, porque com essas mãos o resto também deve ser harmonioso.

Não me atrevo a subir o olhar, só observo as mãos que descansam sobre as pernas. Ele está sentado à minha frente, quase sem nenhum movimento, nem das pernas. Olho para os pés calçados e calculo que deve usar sapatos maiores que o número 43, sim, é alto, concluo.

Uma voz gravada anuncia:
_ Estação Paraíso.

Como sempre uma curiosidade imensa toma conta de mim junto a um desejo pungente que tenta me induzir a descer no Paraíso... Viver no paraíso e vida viva, não o paraíso prometido pós-morte. Olho para as mãos e me imagino no paraíso levada por elas. As portas do metrô se fecham, descerei daqui a duas estações, então continuo a olhar pras mãos atraentes.

_ Estação do Vergueiro.

É a minha descida. Espero o trem entrar na estação, levanto-me do assento, aquele em que sinto o deslocamento lateral e se olhar para as janelas à minha frente, elas mostram as paredes do túnel por onde anda o metrô, e as vejo passarem correndo desenfreadas e minha cabeça começa a girar, embrulhando meu estomago. Tenho que fixar o olhar em algo que não se mova e que não mostre as paredes apressadas... As mãos do homem me ajudaram nisso.

Antes de me dirigir para a porta de saída, olho para o rosto do dono das mãos: um senhor de mais de cinquenta anos, calvo, de óculos, narigudo e carrancudo. Sorrio para ele e digo:

_Obrigada. 

O homem me olha espantado...





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