Várias vezes falei ou escrevi, e outros também, que paixão é
diferente de amor. Que paixão é alimentada pela fantasia e que é eterna
enquanto dura (Vinicius de Moraes). Sim, sei que não são iguais, por isso hoje
quero vasculhar os arquivos na minha memória de vivências e observações e ver
se encontro claramente, as diferenças entre estas duas emoções inerentes ao ser
humano.
Paixão é ficar fora do centro, é fogo que arde por dentro, é tiranizante ao provocar ciúme descomunal
pelo medo da perda “do ser objeto da paixão”. Seus sentimentos são mais
intensos do que profundos. Nela, não acontecem altruísmos e renúncias, ela traz
em seu contexto, o egoísmo.
A paixão monopoliza a vida do indivíduo na direção de um único
ser, o qual passa a ocupar os pensamentos e as ações relegando ao segundo plano
tudo mais. É muito difícil a uma pessoa perdidamente apaixonada perceber a
personalidade do focado por sua paixão, a força dela turva a avaliação do ser
que a desperta. Lembro que li sobre estudos científicos que determinaram o
prazo em que o organismo humano consegue viver neste estado de
paixão, em torno de dois anos. Também fiquei sabendo de outros estudos
científicos onde foi comprovado que pacientes depressivos, tratados com
medicamentos que estimulam a produção do neurotransmissor responsável pelo bom
humor, a Serotonina, dificilmente se apaixonam, quer dizer, quanto menos
depressiva a pessoa, menos fantasias criadas por carências, logo, menos paixões
arrebatadoras!
Agora a escolha é sua, quer viver paixões? Torne-se um
depressivo! É fácil, basta que não perceba o que a vida lhe dá, não reconheça
os amigos, não saiba apreciar um anoitecer e outras belezas da natureza e
também, preocupe-se somente com você e ignore os demais à sua volta, e não coma
chocolate, pois ele ativa a produção de Serotonina. Paixão acontece de fora pra
dentro, do que se vê no exterior para a emoção e os sentidos.
O amor, ah o amor! Amor é nobre e puro, é paz, é tranquilo,
“aquece a alma” como diz a canção. O amor não exige, não escraviza, amar é
desejar a felicidade do ser amado e, ao contrário da paixão, é altruísta, não
egoísta. O amor é um só, é o mesmo amor de pais, amor de amigos, amor entre
seres humanos. Amor caminha de dentro para fora, extravaza.
Sei, sei... deve estar pensando, onde essa teórica amorosa das
“arábias”, vai colocar a sensualidade, o desejo e o prazer sensual?
Sim, na paixão a vida sexual é como ela, intensa, não precisa de
estímulos, a paixão sobrevive enquanto houver desejo e acaba junto com ele.
Quando acontece o primeiro “hoje não, estou com dor de cabeça” ou o “hoje estou
cansado”, encare a realidade, a paixão já era.
No amor, a cumplicidade, o companheirismo, a intimidade, os
carinhos, as descobertas mútuas, aquele falar pelo olhar, na alegria pelo
simples fato de estar junto e o querer a felicidade do outro, desperta a paixão
no amor e acontece o desejo e o prazer com seus momentos de “calor e
intensidade”.
Para Complementar:
Paixão: Sentimento ou emoção
levados a um alto grau de intensidade."
"Amor: Sentimento que predispõe alguém a desejar o bem de outrem"
(Buarque de Holanda Ferreira, Aurélio - Novo Dicionário Aurélio
"Amor: Sentimento que predispõe alguém a desejar o bem de outrem"
(Buarque de Holanda Ferreira, Aurélio - Novo Dicionário Aurélio
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