domingo, 22 de novembro de 2015

Folha seca


Jardins das praias de Santos



Andava distraída pelo calçadão dos jardins da praia da minha cidade, jardins bem planejados que mostram beleza vegetais em qualquer estação do ano. Nem sei por que passaram a denominar as calçadas, são duas: uma beirando a areia da praia, outra arrematando os jardins, de calçadões. Como calçadões se são complementos dos jardins? E têm bancos confortáveis onde se reúnem amigos, famílias em papos e ainda, árvores frondosas, popularmente chamadas de ‘Chapéu de Sol’ cujas copas se unem entre si. Sim, caminhar por elas é encontrar a paz, com sol ou chuva, no inverno ou verão.

Imagine e responda pra si mesmo: Lembram calçadão? Tenho certeza de que, se visualizou a imagem, concorda comigo.

Muito menos os caminhos internos, ora em curvas sinuosas ora em retas, que desenham os jardins onde vegetais se exibem enfeitados com flores, outros exuberantes em verdes perdidos no gramado. Oferecem seus espaços para patinadores, carrinhos de bebes levados por mãos que são como anjos protetores, cães conduzidos pela guia por seus dedicados donos. E neles também bancos, os preferidos pelos namorados.

Como comecei escrevendo, caminhava por uma das calçadas. Admirava as folhas que declararam liberdade e ganharam o gramado ao deixarem os galhos das árvores. Formavam um tapete em tons que variavam do cobre ao dourado ao vermelho ou marrom. Um tapete de tom sobre tom, perfeição da natureza. Uma delas, talvez aquela folha que não se prende em rotinas, nem em preconceitos, menos ainda em padrões determinados, se interpôs em meu caminho. 

Seria um desafio aos meus passos?

Observei suas formas, suas rugas artisticamente moldadas em retorces suaves, sem o verde da juventude, mas esplendorosa de cores vibrantes em sua maturidade. Exibida mesmo! Sabia que tinha vencido as chuvas, as ventanias que a fustigavam com os grãos de areia que carregavam. 


Conquistou a liberdade e dança com total entrega aos braços de seu par que a conduz em volteios ao ritmo da música que ele próprio executa. E livre das amarras, solta-se ao ritmo da música do vento... 



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