O início seria um cruzar de olhares, daqueles que o cruzar se
repete quase que instantaneamente e nesse retorno descortina interesses,
convida à aproximação. Ela acontece, envolta em revelações, encantamento,
desejo aflorando, volúpia, toques.
Vou materializar o enredo: Imagino assim, um lago lindo e
plácido gerado ao primeiro olhar, onde eles atiram uma pedra bem no meio e o
impacto dela na água gera ondas que se propagam em rumo a um único plano, o
plano do amor.
O decorrer inicial é a vivência do sonho que sonharam antes,
risos, parceria, prazer pela companhia mesmo numa ida ao supermercado, ou à
loja de motos, ou ao shopping. Aceitação com renúncias espontâneas, mãos que se
tocam constantemente parecendo temerem a separação, braços que abraçam, dois em
um. Um lago plácido que recebe as pedras e cria ondas...
As ondas bidimensionais às vezes enfraquecem a propagação, o
lago aos poucos retorna à placidez. Lançam outra pedra, novas ondas... Calmaria
interrompida por ventania gera turbulências na superfície do lago. Águas em
descanso, nova pedra a atinge, sossego, vento, pedra...
E o final?
Nas poucas historinhas de amor que escrevi os finais nunca foram
como a maioria dos leitores apreciadores desse tema esperam. Ou mando um pra
cada lado, ou os deixo em solidão acompanhada, ou então felicidade de aparência
pela covardia de assumir o lago seco.
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