Contando conto
O relógio marcava doze horas, o sol lançando seus raios de luz
sobre à cidade. Uma única nuvem no céu deslocando-se devagar até chegar à
frente do sol. Talvez o calor solar a agradou, pois ela estacionou e lá ficou.
Toda escura, toda sombrosa.
Não era uma grande nuvem, mas seu tamanho foi suficiente para
tirar os raios do sol que incidiam sobre a cidade.
Ninguém da cidade notou a nuvem adormecida frente ao sol naquela
quinta-feira. Todos ocupados em suas vidas e nem notaram que à noite o céu só
exibia estrelas, sem lua.
Amanheceu a sexta-feira e quando o sol se mostrou trouxe consigo
a nuvem, ou a nuvem o acompanhou em todas suas visitas a outras paragens da
Terra? Alguns notaram a nuvem imóvel. E na noite de sexta-feira apaixonados
procuraram a lua e trocaram carinhos sem ela.
O sábado clareou trazendo a nuvem junto ao sol. Nesse dia muitos
estranharam que apesar do céu azul não viam o brilho nas folhas das árvores e
nos gramados e nas cores das flores. Mas não procuraram pelo sol,
simplesmente ignoraram. Que importância tinha isso? Outros perceberam que sua
sombra não caminhava mais junto deles, presa a seus pés, como nos dias de céu
azul acontecia. Um preocupou-se... não tenho mais sombra? Não sou mais matéria?
Morri? E olhou pro sol. Outros também olharam, e outros, e os amantes amaram-se
sem lua.
Domingo nasceu também acompanhado da nuvem teimosa. A cidade em
tumulto, a praça lotada de pessoas olhando para o sol com seus raios escondidos
pela nuvem constante. Os repórteres de televisões entrevistando
moradores, câmeras posicionadas em direção do sol escondido. Curiosos de outras
cidades e jornalistas chegando para conferir o mistério. Alguns se perguntavam:
_Será efeito do buraco na camada de Ozônio? Ou causa da poluição
do ar, do mar e dos rios? Ou do desmatamento? Ou é o fim do mundo?
Crianças assustadas, nem brincavam. Uma delas chama amigos e
propõe:
_Vamos cantar para o sol? Quem sabe ele espanta a nuvem!
O coro infantil atraiu todas as crianças assustadas e juntas
cantaram para o sol:
olho pro céu e vejo uma nuvem branca que vai passando...
olho na terra e vejo uma multidão que vai caminhando...
como essa nuvem branca essa gente não sabe aonde vai...
A nuvem, vagarosamente, foi se desfazendo aplaudida por todos na
praça e... Fez-se a Luz, enquanto as crianças ainda cantavam:
olho pro céu e sinto descer à terra o meu Salvador ...
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