Depois de usar a máquina por muito tempo,
comecei a desconfiar que tenha um bug em um de seus aplicativos. Quer dizer,
desconfio não, tenho certeza! Já procurei atualizações, instalei e não resolveu
o problema. Procurei técnicos especializados, também não solucionaram. Tentei
contatar o fabricante e não consegui comunicação.
Conversei com hacker especialista na esperança
que criasse algum vírus que corrigisse o bug, nada!
Não tem solução que faça o aplicativo
desempenhar corretamente suas tarefas que são primordiais para o funcionamento
perfeito e harmônico, de acordo com os padrões universais dessa máquina.
Especialistas citaram várias causas para o
bug, pode ser falta de bits, ou chips defeituosos, configurações erradas,
memória virtual baixa...
O aplicativo executável, cérebro.exe não
atualiza os dias que vivo! Salva todos na memória, faz backup pra não perder
nem um dia, mas é incapaz de se fixar no estágio que vivo. E o pior, por sua
conta, alterna os estágios que tem na memória.
Num dia apresenta o estágio infância, noutro o
juventude ou o adulto, noutro o adolescente, à sua livre e espontânea vontade,
e ainda, num mesmo dia muda os estágios. Isso está me deixando preocupada.
Hoje ainda sobrevivo bem aos questionamentos,
às paixões eternas enquanto duram, a sensação de imortalidade e de dono do
mundo do estágio adolescente. Acho uma delicia o riso fácil que se
transforma em choro em curto espaço de tempo, o experimentar situações e
conhecimentos novos, mas e amanhã, quando as pernas não mais forem lépidas, os
músculos menos elásticos, a memória falhando?
E o estágio criança? Nesse aproveito para
brincar e me exercitar fisicamente, para inventar historinhas absurdas
(desconfio que agora esteja nesse estágio, será?), pra chorar e fazer manhas
quando minha vontade não for satisfeita. É bom, acho que na velhice poderei
usar bem esse estágio.
Quando ele me coloca no estágio juventude já
está ficando difícil! Ter que sobreviver a ansiedade de “preciso de um amor”,
com as preocupações com o nariz que é grande ou o cabelo que não é como
gostaria, com os sonhos e planos para o futuro, com a necessidade de viver
intensamente a qualquer preço, com os idealismos utópicos juvenis.
Quando volta para o simplesmente adulto
confesso que sinto falta dos outros, isso de ser aquilo que os outros querem
num adulto, me incomoda. Por que nos outros estágios pode tudo, é normal, e no
adulto é condenável? Mas tem o lado bom, nesse estágio posso adaptar o que
aprendo nos outros e driblo o bug, afinal é só uma máquina, o cérebro é meu e o
domino com a razão e com determinação e faço uma composição com os estágios,
crio meu estágio sem nome, ou melhor: estágio Hilda de ser!
Lindo texto. Leve gostoso. Parabens poetisa do TT. Se superou. Quero ter sempre meu bug com defeito,melhor assim.kkk
ResponderExcluirBeijos querida.
Vanda Cristina @be_happy43