sexta-feira, 12 de julho de 2013

Bug



Depois de usar a máquina por muito tempo, comecei a desconfiar que tenha um bug em um de seus aplicativos. Quer dizer, desconfio não, tenho certeza! Já procurei atualizações, instalei e não resolveu o problema. Procurei técnicos especializados, também não solucionaram. Tentei contatar o fabricante e não consegui comunicação.

Conversei com hacker especialista na esperança que criasse algum vírus que corrigisse o bug, nada!

Não tem solução que faça o aplicativo desempenhar corretamente suas tarefas que são primordiais para o funcionamento perfeito e harmônico, de acordo com os padrões universais dessa máquina.

Especialistas citaram várias causas para o bug, pode ser falta de bits, ou chips defeituosos, configurações erradas, memória virtual baixa...

O aplicativo executável, cérebro.exe não atualiza os dias que vivo! Salva todos na memória, faz backup pra não perder nem um dia, mas é incapaz de se fixar no estágio que vivo. E o pior, por sua conta, alterna os estágios que tem na memória.

Num dia apresenta o estágio infância, noutro o juventude ou o adulto, noutro o adolescente, à sua livre e espontânea vontade, e ainda, num mesmo dia muda os estágios. Isso está me deixando preocupada.

Hoje ainda sobrevivo bem aos questionamentos, às paixões eternas enquanto duram, a sensação de imortalidade e de dono do mundo do estágio adolescente. Acho uma  delicia o riso fácil que se transforma em choro em curto espaço de tempo, o experimentar situações e conhecimentos novos, mas e amanhã, quando as pernas não mais forem lépidas, os músculos menos elásticos, a memória falhando?

E o estágio criança? Nesse aproveito para brincar e me exercitar fisicamente, para inventar historinhas absurdas (desconfio que agora esteja nesse estágio, será?), pra chorar e fazer manhas quando minha vontade não for satisfeita. É bom, acho que na velhice poderei usar bem esse estágio.

Quando ele me coloca no estágio juventude já está ficando difícil! Ter que sobreviver a ansiedade de “preciso de um amor”, com as preocupações com o nariz que é grande ou o cabelo que não é como gostaria, com os sonhos e planos para o futuro, com a necessidade de viver intensamente a qualquer preço, com os idealismos utópicos juvenis.

Quando volta para o simplesmente adulto confesso que sinto falta dos outros, isso de ser aquilo que os outros querem num adulto, me incomoda. Por que nos outros estágios pode tudo, é normal, e no adulto é condenável? Mas tem o lado bom, nesse estágio posso adaptar o que aprendo nos outros e driblo o bug, afinal é só uma máquina, o cérebro é meu e o domino com a razão e com determinação e faço uma composição com os estágios, crio meu estágio sem nome, ou melhor: estágio Hilda de ser!  

Um comentário:

  1. Lindo texto. Leve gostoso. Parabens poetisa do TT. Se superou. Quero ter sempre meu bug com defeito,melhor assim.kkk
    Beijos querida.
    Vanda Cristina @be_happy43


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