Aí ela se fez flor. Vestiu-se em cores vibrantes em tecido impermeável,
bordou-o com gotas d’água que se transformam em brilhantes. Tecido semelhante à
melhor seda, translúcido, que permite a luz ultrapassá-lo com seus raios e
exibir suas formas.
Perfumou-se com extratos divinos, inebriando todos ao seu redor.
Foi uma longa trajetória desde que se iniciou semente. Sofreu para
vencer a escuridão e encontrar a luz e nascer para o mundo. Lutou contra
inimigos e a cada vitória se fortaleceu e prudentemente, armazenou energias
para se desenvolver e se trajar majestosamente. Quando o momento certo
aconteceu, fez-se botão e nele já se percebia promessas de belezas. Sem pressa,
mas com determinação, conheceu sua natureza, aceitou-a como certa e seu curso se
cumpriu. Fez-se flor, pronta para doar seu pólen aos pássaros que a beijam ou
soltá-los ao vento. Mas se for feminina, como a sinto, recebe com prazer o
pólen da vida, daqueles que com ela se identificam.
Agora brinda olhares e olfatos e reina com esplendor, mesmo se for
solitária. Porque sabe que é única e como única, ela se satisfaz e entrega-se à
vida...
Disse a flor para o pequeno príncipe: é preciso que eu suporte
duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas.
Antoine de Saint-Exupéry
Antoine de Saint-Exupéry
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