quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

FLOR



Aí ela se fez flor. Vestiu-se em cores vibrantes em tecido impermeável, bordou-o com gotas d’água que se transformam em brilhantes. Tecido semelhante à melhor seda, translúcido, que permite a luz ultrapassá-lo com seus raios e exibir suas formas.

Perfumou-se com extratos divinos, inebriando todos ao seu redor.

Foi uma longa trajetória desde que se iniciou semente. Sofreu para vencer a escuridão e encontrar a luz e nascer para o mundo. Lutou contra inimigos e a cada vitória se fortaleceu e prudentemente, armazenou energias para se desenvolver e se trajar majestosamente. Quando o momento certo aconteceu, fez-se botão e nele já se percebia promessas de belezas. Sem pressa, mas com determinação, conheceu sua natureza, aceitou-a como certa e seu curso se cumpriu. Fez-se flor, pronta para doar seu pólen aos pássaros que a beijam ou soltá-los ao vento. Mas se for feminina, como a sinto, recebe com prazer o pólen da vida, daqueles que com ela se identificam.

Agora brinda olhares e olfatos e reina com esplendor, mesmo se for solitária. Porque sabe que é única e como única, ela se satisfaz e entrega-se à vida...


 Disse a flor para o pequeno príncipe: é preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas.   
       
Antoine de Saint-Exupéry




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