Amizade
é o nome do livro que resolveu se ofertar a um amigo admirado. Amizade imaginou
que a história que ele contava era interessante ao amigo e, gentilmente quis se
doar a ele.
O
amigo habita uma pequena cidade de poucos habitantes, de difícil acesso desde a
prateleira onde placidamente Amizade se guardava. Isso não foi entrave para
ele, embalou-se cuidadosamente, sentiu-se protegido e nem o custo da embalagem
e das passagens do avião que o levaria, o detiveram em sua decisão.
E
foi de avião de sua cidade para outra, desta para a cidade do amigo, viagem
cansativa por terra, nada de avião. A embalagem esquentando sua capa e o calor
se propagando por suas páginas. Mas ao imaginar a alegria do amigo ao lê-lo,
afastava o mal estar que a viagem causava.
Chegou
ao destino no entardecer e se hospedou numa estante da única hospedaria do
local. Exausto pela viagem descansou feliz depois de soltar ao vento uma de
suas páginas com a certeza que as ondas do vento a levaria ao amigo e ele
saberia que chegara. Ao acordar dirigiu-se à casa do amigo, ansioso para sentir
sua felicidade ao recebê-lo.
Triste
voltou para a estante da hospedaria. O impediram de entrar na casa daquele que
queria presentear. Mas é um livro obstinado, envia outra de suas páginas ao
amigo supondo que tenha havido algum contratempo que impediu o encontro dos
amigos. Amanhece ainda na estante da hospedaria. Antes da metade do dia o proprietário
da hospedaria o avisou que sua estadia terminara. E lá foi o Amizade, ainda
dentro da embalagem, agora amarrotada e com alguns rasgos e Amizade sentindo a
dor que causavam. Antes de partir ainda tentou contatar o amigo e lançou outra
página ao vento. Sem retorno de qualquer sinal do amigo, partiu.
A
volta pareceu mais longa, foi sofrida, decepcionante e conclusiva, somente ele
era amigo, mesmo sendo assim, pelo esforço que realizou, pela sua intenção,
merecia receber algum sinal ou talvez, um pedido de desculpas, pois amigo que é
amigo, entende e perdoa.
A
tristeza que aconteceu no coração do Amizade, não foi pela recusa do presente e
sim, pela ausência de algum gesto do amigo que demonstrasse algum pesar pelo
desencontro.
Amizade arrancou as páginas onde havia escrito
o sentimento pelo amigo e queimou-as uma a uma.
Agora,
mesmo que o amigo queira ler o Amizade, ele não estará inteiro, e restaurar as
páginas talvez só com a ajuda do tempo...
E
o Amizade entendeu que amizade é como a rosa de pétalas delicadas que inebria e
enfeita a vida, mas com o jeito rosa de ser, também tem espinhos.
Amei Hilda parabéns!
ResponderExcluirMarina costa.