A nuvem branca passeia pelo céu em deslocamento lento, o vento molda sua forma artisticamente criando imagens como um artista numa tela. Às vezes a figura de pássaro, em outras parece algodão doce, já vi meu perfil nela e até já pareceu que vi o rosto de Cristo, e rostos famosos ou de deuses ou de guerreiros ou figuras de terror, mas também de flores. Como fazia em criança, deitei na grama para observá-la.
Vi aquela simples nuvenzinha branca esconder o brilho do poderoso sol. Lembrei das aulas de ciências onde aprendi que a formação das nuvens acontece pela evaporação da água obedecendo ao ciclo da natureza onde nada se cria tudo se transforma.
Água de rios, mares, lagos... Também das lágrimas e do suor do meu rosto? As lágrimas secam, assim como o suor, evaporam-se? Parte de mim compõe a nuvenzinha? Estou lá passeando pelo firmamento e tendo a ousadia de turvar o brilho do rei dos céus e da terra?
E a nuvem continua seu passeio em coreografias criadas pelo vento, veste as fantasias que ele determina. Sinto o vento me acariciando como que moldando meu corpo, me descubro nuvem e me deixo transportar.
Do alto vejo o mundo e suas belezas, mas também as tristezas, os descasos humanos e choro copiosamente, despejo minhas lágrimas sobre a terra, me desfaço em agonia, mas preencho lagos, rios e mares, molho a terra das plantas para que cresçam, frutifiquem, floresçam e alegrem as vidas que sofrem, enfeitem os corações que amam e enterneçam os egoístas, os falsos, os poderosos injustos, os violentos...
Sou ser, sou mundo sou Universo...
É fluídico e completo o ciclo que descrevestes, poético e deslumbrante. Cada um de nós, acredito que um dia deixou-se levar nesta viagem. Há aqueles dias que o próprio céu convida e nós sem perceber aceitamos o convite. Lindo texto! Boa noite.
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