Conversa por “Licença Poética”
Diz o poeta:
"É fácil trocar as palavras,
Difícil é interpretar os silêncios!
Difícil é interpretar os silêncios!
Pois é poeta, palavras proferidas dizem o que se quer dizer, ou insinuam, ou tem duplo sentido, mas sempre revelam algum sentido. Silêncios não têm palavras, quer sejam ofensivas ou carinhosas, pode insinuar rejeição ou afeto que a timidez as impede, pode ofender com sua recusa às palavras ou enternecer pela falta delas. Pode ser anuência ou reprovação.
E o poeta continua...
É fácil caminhar lado a lado,
Difícil é saber como se encontrar!
É poeta, só é fácil o caminhar acompanhado pela vida, quando o par ideal, se é que existe entre os seres humanos, for encontrado. Aquele que é o Dono da Vida é o único companheiro que facilita qualquer caminho.
E o poeta ainda diz mais...
É fácil beijar o rosto,
Difícil é chegar ao coração!
É fácil apertar as mãos,
Difícil é reter o calor!
É fácil sentir o amor,
Difícil é conter sua torrente!
Difícil é chegar ao coração!
É fácil apertar as mãos,
Difícil é reter o calor!
É fácil sentir o amor,
Difícil é conter sua torrente!
Poeta... Concordo. O amor não é somente físico, é também espiritual. E a paixão confunde o espírito.
Em seus devaneios o poeta interroga...
Como é por dentro outra pessoa?
Como é por dentro outra pessoa?
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.
Sim poeta, cada pessoa é um universo e por mais que se revele, possui o esconderijo indevassável de seus mais íntimos anseios, da beleza e da feiura de seus sentimentos e o processar de suas emoções. Presunção é se imaginar capaz de avaliar o outro.
Ao nos despedirmos o poeta conclui...
Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição
De qualquer semelhança no fundo."
Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição
De qualquer semelhança no fundo."
Será que sabemos da nossa, poeta? E se desvendássemos integralmente nossa alma, aceitaríamos cada um como é? Nada de notar olhares, gestos, ou investigar palavras para supor que o obscuro na alma do outro esconde o mesmo que ocultamos na nossa.
Humildemente em reverência, agradeço ao poeta o privilégio dessa prosa:
Obrigada Fernando Pessoa por partilhar com a humanidade seu saber e sentir, e por exibir sua alma!

transformada a forma para a casar com o que eu sou:
Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
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