sábado, 23 de junho de 2012

O CIRCO

Historinha pra Domingo

Os três caminhões coloridos, decorados por desenhos de leões, tigres, girafas, homens saltando, figuras de palhaços, de mágico, entraram pela avenida que dava acesso ao centro da cidade.

Música alta, daquelas que se tocam em circos, chamava a atenção de todos que a ouviam e curiosos, saiam às calçadas para esperarem os caminhões passarem. Ao chegar na praça central da cidade a música do alto falante foi trocada por uma voz que anunciava:

“O Grande Circo da Luz chegando em Paraíso trazendo diversão para pessoas de todas as idades. Vocês verão domadores se arriscando no picadeiro com leões, tigres de bengala, onças e elefantes. Também se emocionarão com os homens borracha, com os trapezistas, com o globo da morte, com mágicas fantásticas e com o homem bala. Os palhaços são os melhores do mundo, não deixem de comprovar. Estreia no sábado. Circo da Luz em sua cidade, Paraíso!”

O circo passou a ser o assunto dos dois dias enquanto foi armado. As crianças ansiosas, não saiam das redondezas do circo, ouviam os animais, tentavam passar pela proteção para chegarem perto, conversavam com os funcionários atarefados montando as estruturas do circo.

Os jovens entusiasmados, teriam programa diferente para o final de semana, pois a pequena Paraíso só oferecia um cinema que trocava de filme uma vez ao mês, uma lanchonete e uma sorveteria onde se reuniam às tardes e um clube, que nas noites de sábado oferecia alguma coisa parecida com balada, aos jovens e aos não tão jovens a procura de emoções. A grande diversão dos moradores da cidade eram os churrascos de domingo com grupos de amigos.

O chegada do circo trouxe expectativas para todos. E na estreia as dependências do circo ficaram lotadas. Muitos não conseguiram entrar e fizeram fila para a segunda sessão. Pipocas, maçãs do amor, balas, sorvetes, serviam para diminuir a tensão causadas pelas feras, pelas acrobacias no trapézio, na hora do homem bala ser projetado de um canhão, muitos taparam os olhos com as mãos. Os palhaços entravam entre as apresentações de um e outro número. Eram treze palhaços que se alternavam, mas um, o ETrusco, prendia a atenção de todos.

O circo ficou quinze dias na cidade e nenhum habitante de Paraíso deixou de assistir suas sessões. Depois das sessões o assunto sempre foi o ETrusco, até entre as crianças.

Nas horas de folga os artistas e os funcionários do circo frequentavam a lanchonete, a sorveteria, sentavam-se nos bancos da praça, menos o ETrusco, com quem todos queriam conversar ou simplesmente, vê-lo. E por que o ETrusco despertava a curiosidade do povo?

ETrusco era o único dos palhaços que falava enquanto se apresentava no picadeiro. Fato estranho, pois palhaço de circo não fala, só se comunica por mímicas, ETrusco usava das mímicas até com mais expressão que os demais, e também falava. Mas não foi somente essa diferença que chamou a atenção do povo de Paraíso. O estranho mesmo é que muitos o ouviam imitir palavras desconhecidas e outros, entendiam e repetiam suas palavras, suas frases. E os que entenderam ETrusco eram constantemente chamados para repetirem as mensagens ouvidas e entendidas, mas dos que não entenderam ETrusco, poucos entenderam o que ouviram novamente pelos que o explicavam...

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“Por homens de outra língua e por lábios estrangeiros, é que falarei a este povo: E nem mesmo assim me ouvirão”. Coríntios 14, 20-14.21



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